O mundo precisa cada vez mais de alimentos baratos. É um crime contra a humanidade aumentar o custo da grade de produtos aplicados nas culturas agrícolas.
O Brasil está promovendo reavaliação toxicológica em uma série de ingredientes ativos pesticidas, entre eles produtos que ajudam a manter mais baixos os custos para a agricultura. Agora, o Ministro da Saúde José Temporão, ombreado por seu colega do Meio Ambiente, Ministro Carlos Minc, anunciam na mídia que os produtos serão banidos.
Produtos que por décadas foram usados na defesa fitossanitária, de repente se transfiguraram e passaram a inimigos públicos, a dar trela àquelas descabidas declarações e a matérias difundidas na mídia pela ANVISA. Devemos lembrar a estes Ministros e a essa Agência que água afoga e solo soterra, e nem por isso são elementos odiados ou perniciosos ao povo. O mau uso e a falta de precauções são fatores primordiais que levam ao infortúnio.
Se os produtos não mudaram, para quê medida tão drástica? Não seria mais sensato ampliar as medidas mitigadoras dos riscos face aos conhecimentos acumulados? É evidente que o instrumento da reavaliação deve ser revestido do rigor científico no âmbito das ciências da toxicologia, ecologia, agronomia e economia.
Ou será que querem acelerar as forças mercadológicas? Sim, pois todos sabem que são introduzidos no mercado novos ingredientes ativos, que por pressão dos mais fortes acaba por afastar os produtos mais antigos, também criação daqueles. Estes mais antigos, agora em boa parte na mão do mais fraco, ficaram baratos (a patente de exclusividade prescreveu e, em domínio público, a concorrência surgiu) e não atendem mais às exigências dos mega-acionistas. Como na maioria dos casos as características de eficácia entre os novos e os antigos não se diferenciam a ponto de encantar os agricultores, e, como os novos são mais onerosos, a substituição se processa lentamente, mercê de muita propaganda, assistência técnica, festividades, premiações e ação de Mr. Lobby. Aliás, ações legitimadas pela liberdade democrática sob o regime capitalista.
Convenhamos, não é comum Ministros virem a público e anteciparem veredicto de banimento de substâncias, antes mesmo do processo de reavaliação terminar. Será que foram confundidos pelo tiroteio midiático do pessoal da GGTOX / ANVISA? Ou será que desta feita Mr. Lobby foi pleno em sua persuasão? Caro leitor, Mr. Lobby é um personagem que dissemina os “novos defeitos” dos produtos genéricos em Congressos, Fóruns internacionais, Mídia científica e Autoridades reguladoras, para pavimentar o caminho de uma nova molécula que surge promissora contra os mesmos alvos biológicos. O objetivo é abreviar o tempo útil de um determinado produto genérico que atrapalha a entrada da nova substância. Vale pressionar seus Limites Máximos de Resíduos para próximo de zero, de forma que alguns usos tenham de ser cortados; vale apontar possíveis efeitos deletérios à saúde e ao meio ambiente, antes não observados, para que mais medidas protetoras asfixiem o genérico-vítima. Mr. Lobby tem liberdade até para comprar empresas regionais bem atuantes com aquele determinado genérico, adquirir fábricas de matérias-primas básicas para cercear o fornecimento. É um personagem poderoso e um tanto feérico.
Senhores, não percebem que estão sendo manipulados? Inocentes úteis! Úteis a interesses mercantilistas, ávidos por maior lucratividade e insensíveis ao custo agrícola e do alimento em nossas mesas.
Todavia, se tiverem absoluta certeza cientifica que esses produtos foram tão lesivos que merecem banimento, vamos calcular tais prejuízos (gastos do governo com hospitalização ou tratamento de pessoas contaminadas e valor dos danos ao meio ambiente) e cobrar das empresas introdutoras desses produtos, que à população foram apresentados como benfazejos. A propósito, que tal aplicar aqui também o princípio da precaução: se características dos produtos não foram relatadas no passado, não poderiam estar sendo omitidas novamente nos dossiês das novas substâncias substitutivas? O que não é justo é penalizar apenas as indústrias de genéricos, ceifando os produtos que são a fonte de boa parte de suas receitas; além de impor produtos mais caros aos agricultores.
Se não fizerem isso, então, por favor, deixem em paz os produtos, eles não ficaram mais tóxicos ou agressivos, ficaram apenas mais baratos. FAÇAM REAVALIAÇÃO, DO BANIMENTO O MERCADO SE ENCARREGA.
Tulio Teixeira de Oliveira – Diretor Executivo da AENDA