MAIS MEL MAIS APIS
Este ano a Europa proibiu o uso de três produtos neonicotinóides (Imidacloprido, Tiametoxam e Clotianidina) em desfecho de longo processo disparado com a constatação da SÍNDROME DO COLAPSO DAS COLÔNIAS – CCD. Os três produtos foram considerados a principal causa do desaparecimento das abelhas. A ciência não concorda em uníssono com esse final, mas a política vestida de precaução sustentável venceu nos fóruns e comissões oficiais.
No Brasil foi iniciado em 2012 também um processo, aqui chamado de Reavaliação, para comprovar o dano às abelhas causado pelos três produtos e incluso um quarto, o Fipronil, que não é neonicotinóide.
Como assim? As abelhas estão desaparecendo no Brasil? Não importa, no Brasil existe também o modismo da precaução sustentável, além de um clima anti-agrotóxico difundido pela mídia e acirrado pelo Ministério Público Federal.
A mídia é compreensível, pois se alimenta de polêmicas e escândalos; mas o MPF é no mínimo estranho, uma vez tratar-se de Instituição Governamental cujo objetivo maior é defender a ordem executiva e legislativa. É inaceitável que incentive, e até dê suporte a Fóruns Contra Agrotóxicos em todo o país. Visto que este setor já é dotado das normas mais rígidas do planeta, o MPF não pode pretender arvorar-se como protagonista na criação de novas legislações. Não tem competência para tal. Se MPF acha que a ANVISA, o MAPA, o IBAMA, e Secretarias e Agências Estaduais não estão cumprindo a sua missão com competência, que fale claramente e não se esconda nas discussões de fóruns sem quaisquer qualificações científicas.
Antes de tudo é necessário destacar no cenário apícola e meliponícola brasileiro a predominância de abelhas africanizadas, fator diferencial significativo em relação ao cenário europeu.
De tal forma, que em perspectiva real as abelhas daqui vão muito bem, obrigado. O IBGE comprova o constante crescimento da produção de mel:
PRODUÇÃO DE MEL NO BRASIL – EM TONELADAS | |||||
1995 | 2000 | 2005 | 2010 | 2015 | 2016 |
18.122 | 21.865 | 33.791 | 38.016 | 37.815 | 39.590 |
Os principais Estados produtores são: Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, Piauí, São Paulo, Santa Catarina, Ceará e Maranhão. A produção é bem difundida em todo o país, indicando que as diferenças climáticas não afetam essa atividade, salvo em condições de extrema seca ou grandes inundações.
É claro que abelha não é só mel, nos dão também própolis e uma infinidade de derivados usados em cosméticos, medicamentos e outros usos. Mas, queremos destacar a dependência das frutíferas ao processo de polinização e o benefício suplementar que essa ação das abelhas pode levar a outras plantas, contribuindo para uma certa porção do alimento humano.
Neste sentido a polinização deve ser reconhecida como um insumo agrícola, e como tal, demandar serviços e manejos adequados. É dever da agricultura moderna, tecnológica e responsável apoiar os polinicultores na tarefa de evitar nas colmeias a proliferação de doenças e a introdução de espécies invasoras; e, conservar e restaurar habitats na paisagem agrícola para refúgio dos polinizadores e usar produtos fitossanitários com o máximo rigor preventivo à vida destes benéficos insetos.
Nossa Agricultura teve um crescimento exponencial nas últimas três décadas e precisamos ter um olhar mais racional sobre o insumo “polinização”. Por aqui, só produtores de maçã e melão alugam colmeias para incrementar a produtividade, com carga adicional de polinização na florada. Os agricultores em geral precisam utilizar esse método e isso passa por muita divulgação de conhecimento, levando a uma mudança de mentalidade e atitude.
O aluguel de colmeia exige calendarização das floradas por região e aperfeiçoamento no transporte das mesmas para minimizar perdas e perturbações dos insetos.
Esse movimento positivo para a agricultura forçará inclusive a adoção de manejo especial na aplicação dos defensivos, via terrestre ou aérea, com o objetivo de evitar o contato das abelhas com essas substâncias.
Eng. Agr. Tulio Teixeira de Oliveira – Diretor Executivo da AENDA www.aenda.org.br / aenda@aenda.org.br julho de 2018 |