REAVALIAÇÃO AGRONÔMICA
– PARTE III –
Após a 2ª reunião da Comissão Técnica foram disparados os Atos de números 71 (dez2016) e 05 (jan2017) que suspenderam as recomendações de uso para a ferrugem da soja de 62 produtos, pois que não apresentaram defesa.
Dos 57 produtos que apresentaram defesa, 38 foram suspensos, por não terem razoável eficiência. As defesas apresentadas com base em manejo não tiveram êxito, porquanto foram arquitetadas apenas em práticas de campo, sem uma comprovação de experimentos conduzidos com metodologia científica; apesar de terem sido apresentados pareceres de renomados especialistas. Para estes casos, estes estudos poderão ser realizados nas safras de 2017/2018 e 2018/2019 e apresentados à Comissão Técnica. Caso não sejam convincentes, a recomendação será cancelada.
A Nota Técnica 6 do MAPA, do final de março, consolida e oficializa todas essas decisões. Enfim, sobraram 19 produtos para utilização pelos agricultores. Todavia, nem todos funcionarão em condição de alta pressão da doença, por isso, estes produtos terão que readequar as bulas para alertar desta situação.
Como as empresas que desenvolvem novas moléculas informaram que não existe nada de novo com real desempenho para ser lançada nos próximos anos, a situação para as próximas safras pode ter contornos dramáticos, no que concerne à infestação do fungo Phakppsora pachyrhizi.
A par dos defensivos agrícolas estão sendo tomadas outras medidas pelos sojicultores. Uma das mais importantes é utilizar cultivares mais precoces, semeadas no início da época recomendada para cada região; e, evitar o prolongamento do período de semeadura. Claro que é mais fácil dizer do que fazer, pois existem os contratempos e imprevisibilidades climáticas. Chove…não chove. Se existirem cultivares com algum nível de resistência ao fungo, use-as.
Uma vez instalada a lavoura, é necessário vistoriar com frequência, torcendo para não surgirem os “flecks”, pontinhos de tom verde claro a acinzentado nas folhas ou mesmo nos ramos. Melhor usar lupa. Um fungicida esporicida pode diminuir a população desses inóculos. Depois desta fase, o fungo libera estruturas para colonizar os tecidos da planta. As manchas agora têm cores claras e logo depois amareladas. Por fim, a tonalidade é de um amarelo ferruginoso, daí o nome da doença.
Se houver temperatura entre 14 a 28 oC e umidade alta, o alastramento será rápido. O uso de defensivos com modos de ação diferenciados é fundamental na batalha para barrar o avanço da colonização.
O Paraná já adotou uma medida, digamos impopular, mas diante da situação é de todo necessária. Proibiu a safrinha de soja, que é mais uma ponte para propagar a doença. Agora, é preciso impor esta medida aos demais Estados que plantam soja. O que adianta o Paraná fazer isso se Santa Catarina não fizer. É penosa essa adaptação, porém, talvez a próxima safra esteja sendo salva e, ao mesmo tempo, seria como uma oportunidade para alavancar outras culturas. Outra providência bem eficaz é o Vazio Sanitário, ou seja, aquele período de 60 a 90 dias sem soja e sem outras plantas hospedeiras como alfafa, crotalária, feijão-fava, feijão-de-lima, feijão-caupi, feijão-fradinho, tremoço e trevo. Uma nova campanha da necessidade e importância desta regra deve ser implantada e a fiscalização atuar firmemente. Como a soja atravessa diversos Estados, atenção redobrada nas áreas fronteiriças. Não adianta um Estado ser rigoroso e um seu vizinho condescendente.
Vejam na tabela os produtos que passaram pelo crivo da Comissão Técnica, e, portanto continuam com recomendação para o controle da ferrugem da soja.
GRUPO QUÍMICO MARCAS COMERCIAIS
Triazol Aproach Prima
Triazol + Triazol Cypress 400 EC
Triazol + Clorotalonil Fezan Gold
Triazol + Estrobilurina Fagot, Horos, Monaris, Nativo, Primo, Priori Xtra, Sphere Max
Triazol + Estrobilurina + Carboxamida Ativum EC, Locker
Estrobilurina + Carboxamida Orkestra SC
Estrobilurina + Triazolinthione Fox
Estrobilurina + Ditiocarbamato Unizeb Glory
Ditiocarbamato Unizeb Gold, Emzeb 800 WP
Azoxistrobina + Benzovindiflupyr Effort, Elatus
Em tempo: enquanto a Comissão trabalhava, foram aprovados e registrados dois produtos contendo um novo tipo de Estribilurina.
Triazol + Estribilurina (metominostrobina) Fusão e Fusão EC
Eng. Agr. Tulio Teixeira de Oliveira – Diretor Executivo da AENDA
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