O comportamento emocional nos debates sobre o Código Florestal suscita questionamento de ordem social e de compreensão da realidade do nosso entorno.
O homem foi ocupando a terra e os mares finitos do planeta. Essa movimentação causou prejuízos diversos, inclusive a diminuição de espécimes de flora e fauna, afora poluição. Ao ponto de haver necessidade da criação de reservas ecológicas na tentativa de permitir a conservação de hábitat e determinadas espécies mais percebidas pelos ambientalistas de plantão.
Reserva do Vale-dos-Dinossauros (PB), dos Tamoios (RJ), dos Carajás (SC), dos Tupiniquins (SP), do Sauim-Castanheira (AM), do Quilombo-do-Frexal (MA), dos Tapajós-Arapiuns (PA), de Jericoacoara (CE), do Mico-leão-dourado (RJ), de Tefé (AM), dos Tapajós (PA), dos Carajás (PA)… É reserva pra’ todo lado. São reservas biológicas, ecológicas, extrativistas, de proteção ambiental, de fauna, florestais e reservas privadas. O Cadastro Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC do Ministério do Meio Ambiente somava 1.606 Unidades no início de 2012 (884 federais, 631 estaduais e 91 municipais). Um total de 1.514.342 km2, perto de 18% do território brasileiro. Para o leitor ter uma idéia desta dimensão, toda a agricultura ocupa 8% das terras nacionais.
Os psicanalistas dão risada. Eles sabem que se trata de expiação de culpa atávica. O “Homus inteligentis” avançou em conhecimento, criou um vigoroso aparato tecnológico (aviões, computadores, megacidades, celulares, móveis de madeira, bombas, sacolas plásticas…), e continua criando bife de vitelas e de bacorinhos, coxinha de pintainhos e isca de lambaris e porções de crustáceos, tudo engordado com
soja, milho e outras proteínas da agricultura. Haja terra e mar para saciar o apetite consumista de tanta gente! Agora, iluminado pela ciência da ecologia, percebeu que a raça humana descuida de seu próprio hábitat, e quer desesperadamente remendar os (d)efeitos colaterais. Infelizmente, sem saber exatamente o que fazer mais enganos estão sendo cometidos.
O que são essas Reservas Ecológicas senão imensos zoológicos modernos! O homem da pré-história evoluiu para o homem civilizado de hoje, e este quer se ver despido na floresta sem os instrumentos da civilização moderna. Ficar observando como ele era. Zoológicos discriminatórios e hipócritas. Discriminatórios porque tentam impedir o progresso civilizatório dos nossos irmãos indígenas e o próprio curso da natureza que sempre eliminou espécies e criou outras. Hipócritas porque demagógicos e inúteis. Inevitavelmente serão invadidos. Por que é tão difícil aceitar que o aumento populacional dos humanos é a causa real? Qual o limite da sustentabilidade para o homem na Terra? Os desmatamentos de hoje são ou não são os sinais de que as invasões das Reservas virão, inexoravelmente?
Manter o meio ambiente com a fotografia intacta de séculos passados é possível; é só praticar a simples regra: “só podem nascer tantos quantos morrerem”. Aí não haverá pressão para ocupar novas terras e mares. Crescei e multiplicai, mas com parcimônia, ô coelho! E deixai o planeta mudar só de eras em eras, como são os desígnios da natureza.
E, nesse novo contexto será necessário reinventar o modelo econômico; a motivação não poderá mais ser o lucro e, sim, a preservação da vida com suporte saudável e prazeroso para todos. Haverá grande resistência, religiosos por umas razões, gananciosos por outras. Os direitos e deveres trabalhistas também deverão ser repensados. Utópico Mundo Novo?
Eng. Agr. Tulio Teixeira de Oliveira – Diretor Executivo da AENDA