A questão 41 do ENEM

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A questão 41 da Prova Amarela do ENEM 2015 trouxe abaixo da charge acima, uma sentença de introdução e as alternativas para assinalar a resposta correta:

“Na charge há uma crítica ao processo produtivo agrícola brasileiro relacionado ao”…
(a) elevado pré,co das mercadorias no comércio; (b) aumento da demanda por produtos naturais; (c) crescimento da produção de alimentos; (d) hábito de adquirir derivados industriais; (e) uso de agrotóxicos nas plantações.

A última alternativa, para o leitor (ou candidato) sem maiores conhecimentos da legislação desses produtos parece ser a possibilidade a assinalar. No entanto, não poderia ser porque os resíduos de pesticidas em alimentos estão em quantidades ínfimas e a ciência estabeleceu limites máximos para estes resíduos. Mesmo um agricultor usando dose maior que a recomendada dificilmente o resíduo extrapolará esse limite máximo permitido. É preciso saber também que uma pequena porção de alimento com resíduo maior que o permitido não causará qualquer mal, pois ele foi definido com largas margens de segurança. O site americano www.safefruitsandveggies.com traz diversos relatórios atestando a segurança do consumo dos alimentos. Este site também oferece uma “calculadora de risco”; por exemplo, para uma criança entrar na linha de risco precisaria comer 850 peras por dia, com pesticida no seu limite máximo.

É, pois, praticamente impossível ter intoxicações a partir da ingestão de alimentos tratados com pesticidas. As intoxicações advêm de acidentes durante a aplicação ou manuseio do produto, por descuido ou resistência do aplicador em não usar os equipamentos individuais de proteção.

Afinal, quem é responsável pela elaboração das provas do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio? Mestres gabaritados ou simples bedéis? Pois, a nós, o autor da pergunta fez recorte do noticioso jornalístico e assimilou como fato científico. Uma lástima.

Infelizmente, não foi um erro casual, foi proposital em nome de um projeto governamental, para selar amizade com determinados movimentos campesinos contra o modelo brasileiro do agronegócio. Não porque o governo é exatamente contra o modelo, mas simplesmente para angariar votos.

Vamos aos fatos.
— Em 2003 foi iniciada uma estratégia conhecida por FOME ZERO. A partir daí foram criados vários programas de fundo assistencialista. Para dar sustentação foi instituído o CONSEA – Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, cuja primeira função é convocar e organizar a Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, estimulando Estados e Municípios a realizarem suas Conferências regionais. O CONSEA é constituído por 15 Ministérios, 4 Secretarias e mais de 38 organizações da sociedade civil. Pois bem, as ONGs fundamentalistas contra o modelo agrícola brasileiro fazem parte dessa organização e nas Conferências participam até o MST, o invasor de propriedades agrícolas. Desta cornucópia saiu o PLANAPO – Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que gestou o PRONARA – Programa Nacional de Redução de Agrotóxico. É, sim senhor, o governo tem um plano para reduzir os agrotóxicos.
— O próprio Ministério da Agricultura, que faz os registros e é o zelador do uso dos insumos agrícolas, já contratou na década passada o cartunista Ziraldo para elaborar uma cartilha execrando os produtos fitossanitários e exaltando o modelo agroecológico.
— O Ministério Público mais recentemente passou a apoiar esse tipo de ativismo e abriu as portas para os Fóruns de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos.

Por fim, ressaltamos que essa mesma questão destacada no título já foi inserida na prova do ENEM de 2013, para doutrinar, para impingir ao candidato um conceito errôneo sobre os produtos fitossanitários ou agrotóxicos ou medicamentos vegetais.

É uma orquestração governamental, desde o bom propósito do FOME ZERO até a pregação não-científica contra os agrotóxicos, o intuito é reunir massa votante.

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