Mercado brasileiro incorpora inovação em proteção de cultivos

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Em entrevista ao portal Agribusiness Global, a Gerente de Regulamentação Federal da AENDA descreve o atual cenário para os defensivos agrícolas no País

O portal Agribusiness Global publicou no último dia 29 uma entrevista com Amanda Bulgaro, Gerente de Regulamentação Federal da AENDA sobre o papel e a visão da AENDA para a indústria brasileira de defensivos agrícolas. A entrevista que reproduzimos aqui foi feita pela editora do portal Renée Targos.

Quais inovações você observa no mercado internacional de proteção de cultivos que estão impactando o Brasil?

Amanda Bulgaro – Estamos vendo muitos investimentos de empresas no desenvolvimento de novos coformulantes para seus produtos, a fim de aumentar a vida útil sem afetar os ingredientes ativos, especialmente quando há bactérias ou vírus nos produtos. As empresas brasileiras estão considerando novas tecnologias registradas em outros países e descobrindo como utilizá-las. Também monitoramos a descoberta de novas moléculas para produtos químicos.

Outro tipo de produto que está crescendo, especialmente devido à demanda dos agricultores no Brasil, são os fitoquímicos. Recentemente, estive na China visitando empresas especializadas e fiquei impressionada com a tecnologia que eles têm lá. São produtos muito diferentes que podemos usar no Brasil, mas que ainda não são regulamentados para registro e avaliação de nossas agências. Em breve, com a nova Lei de Bioinsumos, eles deverão ser regulados.

A AENDA está fazendo parceria com outras associações, como a CCPIA?

Amanda Bulgaro – Temos uma parceria com a China Crop Protection Industry Association (CCPIA) e os recebemos no Brasil uma vez por ano para trocar informações sobre mudanças regulatórias e novas tecnologias em ambos os países.

Estamos sempre abertos a desenvolver esse tipo de parceria com outras associações internacionais. Mantemos contato com outras associações latino-americanas e queremos nos reunir com outras de todos os países, especialmente dos EUA e da Índia. Embora não tenhamos nenhuma parceria direta com associações indianas no momento, muitas empresas brasileiras têm fábricas na Índia, então estamos sempre em contato. Acompanhamos principalmente os desenvolvimentos do país por meio de notícias e outras empresas.

Como associação, estamos muito abertos à troca de informações, porque esse tipo de contato traz oportunidades para que empresas de ambos os países estabelecerem um sistema regulatório com requisitos alcançáveis.

Há muitas empresas chinesas querendo trazer biológicos para o Brasil?

Amanda Bulgaro – Vemos empresas com produtos químicos e microbiológicos em seu portfólio vindo para o Brasil, oferecendo produtos diferentes dos que temos aqui. O mais frequente são os fitoquímicos, usados ​​para controle de pragas e como bioinoculantes para aumentar a produtividade.

O que a AENDA espera realizar no restante de 2025?

Amanda Bulgaro – Em oito anos, crescemos de 20 associados para 60. Estamos crescendo com muito trabalho e dedicação. Trabalhamos com agricultores, empresas químicas, governo e empresas biológicas.

Nosso principal objetivo era trabalhar em projetos para o setor agroquímico. Construir essas parcerias com empresas, produtores e governo, todos com interesses distintos, foi muito positivo, tanto para a AENDA quanto para outras entidades, que encontraram crescimento pelo trabalho conjunto em diversas iniciativas. Buscamos seguir essa estratégia no restante do ano e fornecer suporte regulatório e treinamentos para nossos membros e empresas associadas.

Quais os maiores desafios para as empresas de biológicos e químicos no Brasil em 2025?

Amanda Bulgaro – Acredito que nos próximos dois a três anos o mercado começará a se estabilizar. O principal desafio é que teremos, especialmente para os produtos químicos, uma nova reforma tributária, a Reforma Tributária Brasileira.

Ela afetará o setor de defensivos agrícolas, pois vai impactar diretamente o custo de produção dos produtos formulados e as políticas de incentivo fiscal para importação de matérias-primas.

Há preocupações sobre como as empresas irão se adaptar em razão do aumento do custo de produção, valor que deverá ser repassado aos produtores e vai afetar igualmente o preço dos produtos brasileiros.

Estamos debatendo com outras associações sobre como contribuir de maneira mais efetiva nas negociações e como nos preparar para apoiar as empresas a absorver as mudanças que virão.

O texto original está disponível em inglês em https://www.agribusinessglobal.com/pt/markets/americas/aendas-amanda-bulgaro-discusses-international-interest-in-brazil/

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