Quando poucas empresas dominam a comercialização de um determinado produto ou serviço é o cenário econômico denominado oligopólio. No caso extremo de um só fornecedor abastecer a todos, chamamos de monopólio. Nessas duas condições o consumidor fica à mercê da manipulação dos preços.
A concorrência plena, com muitas empresas dividindo o mercado, é uma situação mais equilibrada do ponto de vista econômico, tanto para o consumidor quanto para o País. Por isso, é dever do Estado monitorar os segmentos e conceder condições, através de estímulos definidos por leis, para o equilíbrio ficar estabelecido.
Em 2008 o mercado brasileiro de defensivos agrícolas alcançou US$ 7,07 bilhões em vendas, e, as 05 maiores empresas representaram 57% (US$ 4,07 bilhões); números que já mostravam um mercado oligopolizado.
Com a diferenciação dos produtos em Equivalentes/Genéricos (2 ou mais ofertantes) e Especialidades/Patenteados (1 só ofertante), ocorrida na edição do Decreto 4074/2002, as estatísticas começaram a dar números para os dois grupos. E, por valor e quantidade, os Equivalentes ficavam na dianteira nos dois quesitos. Porém, entre 2009 a 2010, o grupo dos produtos Especialidades inverteu de forma surpreendente as estatísticas no quesito do valor, pois vendendo apenas 15% da quantidade total registrou faturamento de 58% do total em valor.
As forças pró-oligopólio estavam aplicando suas estratégias de dominação do mercado. Foram incorporando os genéricos mais importantes a seus portifólios, adquirindo empresas menores, praticando troca de produtos por colheitas, crédito mais barato que o sistema bancário para vendas a prazo, e outras medidas difíceis de serem copiadas por empresas sem lastro de capital suficiente para tal.
De tal forma que agora, em 2019, o oligopólio dos defensivos no Brasil passou a outro patamar. Segundo informações colhidas junto ao setor o faturamento de defensivos em 2019 foi de US$ 13,7 bilhões.
Observem que as 7 primeiras já atingem mais de 70% do total. As 5 primeiras alcançam 60% e as 3 primeiras 43%.
Se considerarmos a ADAMA somada à SYNGENTA, visto que são do mesmo grupo (CHEMCHINA), as 3 primeiras ficariam com a fatia de 47% do mercado; e as 5 primeiras com 65%. Pedindo licença para o neologismo, nosso oligopólio já é um tripólio.
E a oligopolização continua trabalhando. No final do ano passado foi anunciado que a NUFARM foi adquirida pela SUMITOMO, a qual não participa diretamente do mercado, mas é um fornecedor importante para algumas empresas citadas no quadro de faturamentos.
Fazendo analogia com um cavalo sem rédeas correndo no campo, o avanço do oligopólio de defensivos por aqui está desembestado.
Eng. Agr. Tulio Teixeira de Oliveira – Diretor Executivo da AENDA