Defensivos Biológicos avançam rapidamente no Brasil

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Embora o controle biológico de pragas esteja apenas começando no Brasil, chama a atenção a velocidade de crescimento dos defensivos biológicos.Em 2018, o mercado movimentou R$ 464,5 milhões, um volume modesto, mas um salto de 77% sobre 2017.
“Essa é apenas uma média, pois os fungicidas cresceram 148%, e os bionematicidas saltaram 133% de um ano para outro”, diz Amalia Piagentim Borsari, diretora executiva da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio). “No Brasil, o uso é ainda inexpressivo diante do potencial que temos.”
Em todo o país, os defensivos biológicos são aplicados em cerca de 10 milhões de hectares de um total de 77,4 milhões de hectares cultivados. E significam apenas 2% dos negócios no mercado de defensivos agrícolas. “Há muito espaço para crescer”, diz. A ABCBio trabalha com uma estimativa de crescimento de 20% a 25% ao ano, para os próximos cinco anos, contra 17% esperados no mercado global.
Pesquisa feita pela entidade, com 1.762 agricultores, tomando como referência a safra de 2017/18, confirmou o enorme potencial que os biológicos têm para explorar.
Segundo o levantamento, 43% dos produtores disseram desconhecer os biodefensivos. Já entre os que utilizaram, 98% afirmaram que pretendem usá-los também na próxima safra. Entre os motivos citados está a eficiência do controle, mencionado por 76% dos produtores ouvidos. Em diversos casos, o biodefensivo tem mostrado eficiência semelhante à do agrotóxicos.
Embora as cifras confirmem o crescimento do setor, os dados gerais mostram recordes no avanço dos agrotóxicos convencionais. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2018 foram registrados 450 novos produtos para combate às pragas na lavoura. Em 2015, foram 139. Entre esses 450, 52 foram enquadrados como de baixa toxicidade, enquanto em 2017 eram 40.
“A variedade de produtos beneficia muitas culturas, pois a maior parte deles são registrados para um ou mais alvos biológicos, independentemente do cultivo onde estas pragas são encontradas”, explica o chefe da Divisão de Registro de Produtos Formulados da Secretaria de Defesa Agropecuária, Bruno Cavalheiro Breitenbach. Segundo ele, “o recorde de registro de produtos menos tóxicos é resultado da política adotada pelo governo federal de priorizar a análise dos processos de registro destes produtos”. Existem 1.345 pedidos de registro de defensivos em análise no Mapa.
Segundo a ABCBio, outro fator que impulsionou as vendas foi um aumento dos lançamentos de produtos inovadores pela indústria. Novos ativos que estão chegando ao mercado permitem controlar diferentes pragas e doenças, alguns possuem mais de um ativo biológico num mesmo composto. E existem ainda os chamados agentes híbridos, que combinam ativos biológicos com ingredientes de origem química.
Governo e indústria classificam como ultrapassada a tese segundo a qual o crescimento dos biológicos leva a uma queda no uso dos produtos químicos. Para a ABCBio, a integração com o controle biológico pode inclusive aumentar a eficiência das moléculas químicas. Tanto nos Estados Unidos como aqui, diz Amália, há pesquisas no sentido de utilizar um produto biológico juntamente com um ingrediente ativo químico, dentro do mesmo produto.
Enquanto as pragas se defrontam com seus inimigos naturais, muitas vezes em ambiente microscópico, o mercado global está de olho nesse filão. No final de 2018, a Aqua Capital, gestora brasileira de fundos de participações voltada ao agronegócio, anunciou a criação de uma plataforma de produção e distribuição de defensivos biológicos.
De acordo com a empresa, a plataforma nasce a partir da aquisição do controle da Total Biotecnologia e pretende crescer acima da média do mercado de defensivos biológicos.
No início do ano, a Corteva Agriscience e a Stoller, empresa de nutrição foliar de plantas, fisiologia vegetal e em soluções biológicas, selaram acordo para a distribuição exclusiva do nematicida Rizotec. Trata-se de solução biológica que auxilia no manejo de nematóides e elimina uma grande quantidade de ovos e de fêmeas na cultura da cana-de-açúcar. Segundo a Corteva Agriscience, a partir de agora a companhia, terá um papel mais forte no mercado de biológicos para o controle de nematóides.

Fonte: Valor Econômico

Foto: Divulgação

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